terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Que venha o tempo
Antigo, como só ele
Réstias de saudade de vento
Amarra-me, leva-me a liberdade

Que venha o tempo
Que nada há senão para lá dele
Caminhando decidido para a morte
Verdade incontestável, destino sem sorte...

Que venha o tempo
Enquanto vivo a melancolia
Deste estado de vida vazia
Como era no princípio, sobra o fim...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Crónicas de mim
Escritas aqui ao lado
Nas ruas em que passo
Escondido, para não ser notado

Embrenhado em pensamentos
Sinto tempestades, prevejo tormentos
Volto as costas ao destino, fraco
Porque não o aceito...

E estas palavras que escapam, por entre nós...
E este aperto, que não quero provar, mas padeço dele, só...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Rebeldia tardia
Nem corpo tem, está vazia
De que serves senão para viver
A vida que nem é tua, obriga a esquecer

Começa agora o momento
Em que se decide todo o teu tempo
Não falta muito, eu sei que não...
Passo em falso, perdição...

Sangro lágrimas que não são minhas
Respiro para ultrapassar as feridas
Que magoam, porque são reais
Porque são iguais às tuas, são banais...

E nesta noite que acabou de anoitecer
Agradeço ao sol por não me aquecer
Para que juntes o teu corpo ao meu
Para sempre, agora, não sei ser senão teu...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vejo com o olhar
De quem ama, por amar
Que a vida é para nós
Tapete voador, feiticeiro de Oz....

Fugaz e fria como vento
Passa triste, é um lamento
De voz rouca, desnudada
Perto do fim, acabada...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Canta
Canta para mim
Aquelas cantigas embrulhadas em cetim

Dança
Seduz-me com teu cheiro
Morro deste desejo...

Sussurra
Fala ao meu ouvido
Vem ver o infinito

Grita
Envolve-te no som
Não resistas, dá-me a mão

Ouve
O universo a respirar
E o tempo que passa sem avisar

Sente
O meu verso descuidado
De caminho, aqui estás tu, fado...

Vive
Não esperes mais,
Outros já lutaram lutas iguais!

Olha
E diz que cor
Hei-de vestir para amar o meu Amor...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Compreendo este medo,
Que me invade em segredo,
Se és tu ou não, não sei!

Ouvi os teus passos
Amei cada um deles, e a espaços
Acho que te amo a ti, sem certeza...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Fragilidade de corpo
No meio de mim, absorto
Por causa de mim, escondido
De sombras e sóis, despido...

Saliência de personalidade
Já estavas aqui, ò vaidade!
Profunda, és como um vício
Que abraça, sufoca, suplício.

Esqueci do que quero
Assim como deixei o que fiz
Hoje, passado é inferno,
O futuro, de paraíso, nada diz...

Voltei a mim de repente
Para acabar como comecei
Deslumbrado, quero toda a gente
Fico, sozinho, em mim solidão é lei...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Sinto o arrepio da desilusão,
Desalento, cansaço, resignação
Na esperança num futuro que não há
Sobreviver, desalmado, com o pouco que a vida dá...

Escravo desta saudade
Que é minha, porque a não sei abandonar
Cheiro fumo de memórias, culpo o azar
Pela sorte que não tive, nem motivo pra lutar

Aí me desiludo novamente
Porque neste fado, que é dor latejante
Preciso de esperança somente,
Para que o passado não seja mais presente...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Os meus olhos viram
O que o coração não vê
Pedaços de momentos, de sensações
De quando vida tinha, à minha mercê

De rastos, de pé, vivo ou moribundo
Recolhi restos de mim, para não deixar fugir
Se é mau o passado, e se futuro não posso prever
Resta o olhar estagnado, de quem só sabe perder...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Certo do instabilidade
Que me causa esta falsa liberdade
Não me sinto bem, porque estou mal
É dor antiga, é dor real...

Motivo para insatisfação
Orgulho, feitio, exclamação
De dias, estações, horizonte
Nas minhas palavras sou ignorante...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sono de mim
De me ver assim
Tão perto do fim

Pena de mim próprio
Normal, estagnado, sóbrio
Olho e sou, ódio...

Ânsia de desaparecer
Incapaz de renascer
Escrevo assim, escrevo a morrer...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Em sonhos fui artista
No trapézio, trapezista
Mas não me consegui equilibrar.
Caí lá do alto
Tão grande que foi o salto
Que a queda demorou a chegar.
Caí com violência
Saiu de mim a minha essência
Disse adeus com olhar feliz...
Porque do corpo não dependia
A vida já não se esvaía
Seria para sempre petiz.
Foi assim a minha história
Aquela de que tenho memória
Memória daquilo que não fiz....

sábado, 29 de novembro de 2008

Apelando à serenidade
Perante a escassez de oportunidade
Sento-me, sujeito a estes dias

Começo um caminho
Às vezes comigo, quase sempre sozinho
Por opção, porque me repudias

E neste silêncio que ajuda
O tempo que dá voltas mas não muda
Esqueço de lembrar, para não recomeçar, ilusões, fantasias...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Morro aos poucos, de tão insano que sou e estou. A luz já se foi, há tanto que já não sei o seu brilho e o seu calor. Com ela foi tudo o que sou, ou o que restava da minha essência, da minha alma. Rastejo perante tudo de belo, porque o não mereço. Sou capricho de vida, porque caprichosamente não sei viver. Escorro ideias de amor, que escoam no esgoto que é o meu coração. Vagarosamente me levanto dia a dia, deitado que estou neste torpor, neste berço que já não embala nem me distrai da minha triste existência. Reconheço os erros, mas dificilmente, em algum momento, saberei como não errar. Saboreio o medo, que me sobe a adrenalina, sinto ânsia de morrer. Morrer deitado, a dormir em sonhos inertes, de vidas que não a minha, de momentos que nunca foram meus. Escolho não ter interesse, nem por mim, nem pelas coisas ou pessoas, mas interesso-me na preguiça. Aí bebo, bebo até ficar tonto, inebriado, embriagado de sono de realidade. Escondo-me do passado, porque me persegue, marcando com o seu cheiro, magoando-me com a sua sinceridade. Olho para o futuro, que será uma merda como o passado, como o presente, como tudo que é existencial. Assim fico num estado crónico de dormência, de corpo, no seu cerne. Queimo as lembranças como elas me queimam a mim, olho para o mundo como se ele não houvesse. Respiro pó de esperança, como sonhos que me engolem a sangue frio. Morreste em mim como eu morri para ti, vida…

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

É realmente importante
Viver a vida num instante
Aquele em que te conheci

Falavas da poesia
Da vida do dia a dia
Palavras belas que de outra pessoa nunca ouvi

E eu pobre coitado
Que a solidão havia curvado
Olhei para ti e suspirei

Que nunca serias minha
E no instante que a vida tinha
Importa realmente que te sonhei...
Hoje vi-te em mim
Descobri-te
em mim
Vi que tudo o que sou para onde vou
Tudo o devo a ti...
Na utopia da miragem
Vi a tua imagem
Que sorria para mim
E num instante
Em que não sou nada
Levanto-me numa emboscada
Que preparaste já no fim,
E numa noite gelada
Em que o sorriso é só fachada
Tu desapareces mesmo assim...
Cai a chuva abençoada
Como se fosse talhada
Para me fazer sofrer...
E só o vento me acalma
Só ele me limpa a alma
Da ânsia de te ver
E num desejo inquieto
Nasce o pensamento certo
De um dia te vir a ter
De novo como outrora
Quando te foste embora
Sem medo de me perder...
Porque continuo aqui
Perdida nesta ilha
Á espera que o vento passe
E me chame sua filha...
Joana Costa

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vim falar comigo...
Aqui, onde estou escondido
Longe de ti, juventude,
Onde extremo é vicissitude.

Perdi-me na cidade
Com frio, fome, ansiedade
Não tive tempo para aprender
Que sem Rainha, Rei não posso ser...

Viver na pobreza
Com dúvida até na certeza
Onde o vento não faz frio
Voar, rir, encontrar um desafio...