quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Dramaticamente sabendo o correr das águas,
Molho os pés nus, e o frio que chega à alma.
Decido abandonar, já sei o gélido silêncio de cor.
Sem olhar para o lado, invento um caminho e adormeço...

Conto fantasias por realizar, são tantas, irracionais.
Esqueço os sonhos, perco-me em desvarios intensos, fugazes.
Provo este torpor incessante, que convida a descansar.
Lembro-me da melodia, era tempo de revolta, impotência...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Assim, com os olhos entreabertos,
Despeço-me da luz e permito-me sonhar.
Nesta deleitosa irrealidade, desvario,
São prazeres dos tempos, idades, vazios...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Concretizar adiado, entristecido...
Sabor amargo, depois da doce ansiedade...
Aqui me guardo, exaurido, dos tempos vividos,
Depressa, sem demora, mergulho na desilusão...

domingo, 6 de dezembro de 2009

O som que vem de cima,
É de mar, sombra, vento...
Mergulho neste encanto, maldição!
Sou cego deste tempo rápido,
E não sei se sou eu que não quero ver...

Veste aquele vestido, trapo,
Transparente, alma solta, embriaguez.
Mantém essa arrogância, altivez...

Dança estes passos de revolução,
Esquece os momentos, são velhos, descolorados.
Lembra, revive, ressuscita, liberta, Sê...

domingo, 29 de novembro de 2009

Sem medo de saborear o medo,
Saio deste asilo mental, do tempo.
Num novo eu que irrompe, livre,
De encontro à luz, desprendimento...

Rasgo as páginas antigas, poeirentas,
Crio um novo capítulo, nasço, respiro...
Seduzo a tristeza, danço com os temores,
Vida minha, só minha, e assim tem de ser...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sabe tanto a deserto,
O prometido, o futuro, e decerto
Que a chuva matinal, fria, áspera,
Trará boas novas da cidade…

Não demando sentido conexo,
Apenas levanto os olhos, céu,
Escoar miragens deprimentes!
Deserto transparente, virgem…

Uso a porta de trás, furtiva,
Para ver os sonhos últimos…

Visto o traje de alma, sombrio…

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Na demora do fado,
Inquietante, pasmo,
Me encontro nestas linhas….

Sobressalto da escassez
Do sentimento, deveras fundamental
Para a paz que solicito, imploro…

Alicio o eu a ser plural,
Dissocio as amarguras para
Conservar-me, subsistir, arrebatado…

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Já não sinto frémito,
Extinguiu-se, definitivo.
Orgulho em saber quem sou,
Indolor, caminho, livre sorte...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Preciso de precisar,
Do tempo de espera,de ansiar!
Saber que me sabes, e depois
Sermos eu, tu, nós os dois...

sábado, 24 de outubro de 2009

Pretendo a porta secreta,
Largar os sonhos no vazio,
Existir de fio a pavio,
Largar o cativeiro, fôlego primeiro...

Rodopiando na demora do tempo,
Encontro-me, plácido, seguro,
Saberás descobrir-me nos intervalos,
Quando és sem mim, eu diferente...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De costas para a ponte,
Sossego do caminho que tomei,
Para olhar o novo, excitante
Destino para o resto de mim.

Sabendo há muito que sei tão pouco,
Suprimo a expectativa do amanhã.
Certo que eu ainda serei eu,
Cobiço o saber, desejo veemente...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Depois dos verões de antes,
Não mais vislumbro aquele rubor
Provável, brando, complacente,
Dos verões de quando era gente...

domingo, 20 de setembro de 2009

Depois da perda dos sentidos,
Abrem-se os olhos para a luz.
Jornada dura, pendente no tempo...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Correm-me as lágrimas de pesar,
Se relembro cada recomeçar,
Lavo-te da pele,para te guardar,
Em cada imagem, cada toque, em cada silêncio...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A libertação do olhar,
Doente, inocente, instintivo,
Começa na própria sofreguidão,
De ser livre, consciente...

Não permaneço igual, imóvel.
Aproveito a corrente do rio,
Encontro-lhe outras margens,
Não quero porto, sou viagem...

Ausento-me sozinho, reflexão...
Farto de correntes, desenganos.
Vida selvagem, caçar o alimento,
Procuro o antes do passado...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os olhos, de quem sofre,
Apertado no mundo estático.
O vazio, dos anos que passam,
Na pele, suja dos dias intermináveis...

Sentado, nesta parede de reparos,
Espero de cabeça baixa, natural...
Não me revolto, contra quem?
Já foi tempo, fim de estrada...

Na busca da justiça, dos homens,
Divina não, já tarda uma vida...
Anseio o juízo final, anseio...
Ser só alma, perder o corpo...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Gotas de água, de sangue,
Correm de mim, exangue.
Chama alta, impetuosa,
Sórdida paixão, muda, silenciosa...

Pedido, promessa, em vão,
Quando sonhavas os sonhos,
Pulavas de cor para cor e eu,
Desenhava os teus passos leves...

Sentindo-me usado pela vida,
Sou exemplo mau e imposto,
Inspiro o ar da indecisão,
Decido não decidir já...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quando o pensamento está turvo,
E os olhos vêem o que não há,
Não cedas à raiva, fácil,
Abre a alma, vista lavada...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dou-me conta de uma personalidade,
Que é estranha, até a meus olhos,
E estranho é porque é minha,
E só a vejo em sonhos...

Não sei se cedo a ela,
Se dei facilidade à entrada,
Não lhe quero distância,
Só não quero padecer...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Caem as folhas, douradas,
Como caíram noutros outonos,
E as minhas letras, descoloradas,
Chamam o melhor de mim...

Sabem bem os contos,
As horas vazias de cansaço,
O preto dos meus olhos encerrados,
As perdas de tempo, atrasos, displicentes...

Entre viagens e paragens,
Lembro esse outono e as folhas,
Que me trazem as letras de volta,
Ouço-as e escrevo-te, vida...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Há alguma coisa que faça tão bem,
Que não me faça sentir desdém?
Há alguma que seja tão real,
Que não se possa sonhar melhor?

Se eu esperar, vens?
E desperdiças a vida comigo?
Não pares ainda que eu diga não,
Se for preciso esquece-te de ouvir...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Na margem do rio antigo,
Apetece-me cometer um desatino,
Já não necessito de corpo para permanecer,
Sustentando a alma, sobreviver...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Anseio na espera, longa.
Vislumbrar a sombra, escorregadia.
Estremeço com receio do fatal embuste,
Que é vida, nua, e os olhos que não vêm...

Não morro já, sofro o resto...
A falta de mudança, minha e para mim.
Observo o que foi meu, sobrou para alguém.
Que saiba ser o que eu só sei dizer...

Consigo ouvir a melodia,
Chama-me,sozinho, deito-me na música.
E quando danço e fecho o coração ao que foi,
Tenho tristezas de outros, outros eus...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Satisfaço a ambição,
De crescer, saber, vastidão.
Começo-me, esqueço-me, sossego-me,
Ciclo de uma vida que dela se cansa.

Sabes de mim?
Viste-me ou achaste que era eu?
Olvida-me no futuro, mas...
Tens vestígios meus em ti...

Experimenta pensar-me,
Sente o frémito, frio,
Faz tremer, saudoso, permanente,
Voar sem abrir os olhos...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cedo no calor da viagem,
Ainda agora começou, devagar.
Aguardo a noite, e inseguro,
Percebo a lógica lunar...

E a viagem que começou,
Escrita em cada olhar inocente,
Talvez só seja de ida,
Deixo-me estar, não desejo o que foi...

E a noite, inevitável,
Serve de encosto à solidão...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Afasto a cortina, do futuro,
E a neblina que insiste em pairar...
Subo ao cimo de mim, destemido,
E no recato da altura, já posso respirar.

Escondo-me na luz, do passado,
Que me encolhe, triste, inacabado.
Pequeno, deixo a grandeza na criação,
Quando deixo o corpo alucinar, natural...

sábado, 20 de junho de 2009

Num abraço apertado da dor,
Despeço-me do ar, contrafeito
De não ser suspeito do melhor,
De ninguém e o futuro, onde está?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Num destes dias,
Saído do que outrora fui,
Arrisco-me à solidão,
Numa cama vazia...

E continuo, não sei se em frente...

E continuo... Tenho um bilhete de ida...

Já vejo a estrada, sinto-lhe o calor...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Morre comigo amanhã,
Não vivas dos sonhos desfeitos,
Segue-me no vazio, esquece a luz,
Repugno o futuro, não lhe pertenço...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Já não sei se sei falar comigo, já não sei se confio em mim...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A sombra que me curva,
Nos leitos das águas passadas,
Onde reparo as memórias reflectidas,
Na corrente, fria, da saudade...

Separo-me das roupas que seguram
A liberdade que não é minha sequer,
Orgulho-me do que podia ter sido,
Não sou, não tenho que ser...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Já não me lembro das palavras,
Aflitas, descuidadas.
Só me recordo da confusão
E da dor que traz a desilusão.

Quando a vida foge,
Em cores e alucinações,
Gosta-se mais dela, da cor,
Porque vida, já a não sei...

sábado, 2 de maio de 2009

Não fluem as palavras,
Para tirar de mim este aperto.
Sou pequeno ao lado do universo
E já fazes parte dele...

O tempo chega e passa sem avisar,
Falta-me a coragem para respirar.
Deixo a minha alma viajar,
Assim me encontro, e a quem tenho que encontrar.

Não é com facilidade que digo adeus,
Dificilmente o saberei fazer...
Deixo o coração sentir, plenamente
Ouves a saudade chegar, e deixo-me ficar...

Não ficas para trás, permaneces...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Infinito vezes as estrelas do céu,
Fórmula do amor que foi meu.
Pensamento solto, descontrolado, ardente.
Fome de tudo, sentimento pungente.

A memória do que não mais será,
Obriga a reflectir-me...

terça-feira, 28 de abril de 2009

À medida que me encaro,
Quieto, gasto, destapado,
Concluo na falta de fé que me assola,
Que a vida para mim não será...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A vida obriga-me a ter calma.
Não de dor, não de alma
Fecha-me os olhos para que não veja,
Quando carrego a cruz da inveja...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Com o futuro a prescrever
Das minhas faltas, preguiças,
Acordo envolto neste abraço mórbido,
De frente para a decadência...

Arrasto-me do sufoco
Que é do enfado de ser.
Obrigo-me a penar, dorido,
Não ouso olhar-me, prostrado...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Disposição de espera,
Na falta da meta, inatingível.
Deixar ao sabor, acalmar,
Este fervor que me faz arder...

Na falta de tudo,
Resto-me, sensível
Desconhecedor dos tempos quietos,
Recato interior...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Desespero com o tempo
E com tudo o que sinto
Já não me ouço mais,
Nem me quero para mim.

Dou voltas ao meu sítio,
Não saio do lugar.
E estas contradições
Que me fazem viajar...

Corro contra o vento,
Esqueço a lógica.
Magoo-me consciente da dor,
E nessa consciência estou calmo.

Penso no vazio que me preenche,
Para me distrair de tudo o que me faz ser nada...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Foi-se tão depressa como veio,
Não resisto ao devaneio.
Largo-me na falta de razão
Assumo o instinto, amo com sofreguidão...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tu sabes, porque te digo,
A cor do tecido
Onde te aconchego
Para que fiques comigo...

Tu sabes, que só importa amanhã
Com a mente vazia, nunca sã.
Sinto-te o cheiro
Ele nunca me abandona...

Tu sabes, e a noite também,
Que aquele beijo que me leva além,
Não será nunca o último,
Não morro já, só por ti...

terça-feira, 31 de março de 2009

Esquivo-me da responsabilidade
Que me acresce pela idade
Amo até ao fim do mundo...

Na falta do sossego,
Ou da minha rejeição dele,
Evito o final precoce.

Caminho a passos largos,
Sou como toda a gente,
Pretendo redenção de mim.

Amo até ao fim do mundo
E sinceramente, no fundo,
Sou o meu maior segredo...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Necessidade de escrever
Sem ter o que dizer
Sem vontade de lamento
Acerto as minhas contas com o tempo...

quarta-feira, 25 de março de 2009

As palavras que não finjo
São dos sentimentos que não controlo
E assim, de repente, apetece-me sonhar...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Os momentos que me trazem sossego
São escassos como eu...
Se duvido da minha apetência para resistir
Mais hesito na convicção do final afortunado...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sinto-me obscuro de alma
Ânimo nenhum de ter vida
Saturado do envolvente fado
Que sombrio, frívolo, me sugere a imperfeição.

Antes de mim comparece o vazio
Dos tempos que eu era eu
Já não sei desses tempos,
Não sei de mim...

quinta-feira, 19 de março de 2009

A satisfação que não ocorre
Vem da não reciprocidade das nossas vidas.
Num momento ou outro, encontrei-te e foste para mim
Como sou para ti, só para ti...

terça-feira, 17 de março de 2009

Quebra na ilusão
Que se alastra na vivência
Rotura que existe no julgar
Na forma como te manifestas...

Jaz o último brado
O de fúria desmedida
Exercício de controlar a comoção
Trespassa-me, pune-me, apraz-me, sim...

domingo, 15 de março de 2009

Criada a expectativa
De um sonho, de uma vida
Olho para ti e ambiciono-te

Aprecio-te em todos os estados
Até quando me rejeitas...

sexta-feira, 13 de março de 2009

A criação que me atrevo a fazer
Ou a tentativa da mesma
É escrever-me por fora
Como me vejo por dentro

Solto nas palavras
Perdido em pensamentos lúgubres
Neste assomo de coragem
Concepção de melancolia

E a bravura que necessito
Para acordar e cumprir-me vivo
Vai-se dispersando no tempo desagregado
Recluso que me encontro neste desânimo.

Fito-me espelhado no desengano
Sem vontade de desviar o olhar
Como se me expurgasse da indolência
Que me escolta até ao termo...

Assim me sustento vil
Sem qualquer tipo de propósito
Seguro do meu desconhecimento
Na arte da subsistência
E desta arte em que exponho...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Contemplo deste modo
Que sobrevivo como posso
À pessoa que sou e não gosto.
Simplesmente não tenho que gostar...

Cerro os punhos, chego a magoar,
Não dor física, dor do olhar
Que já foi de prazer
Já não chega nem a parecer.

Convido-me para dançar
No crepúsculo, noite forçosa.
Lembro da lembrança de sofrimento,
Não quero dançar, deixo-me estar em mim mesmo...

quarta-feira, 11 de março de 2009

No cruzamento da alma com a razao,
Dou-me conta desta inaptidão.
Forjo sentimentos que já tive,
Antecipo-me a eles, defesa possível..

Não sendo por isto que me movo,
É esta a razão da minha fuga,
O adeus esganado, aflito,
Desilusão anterior aos factos...

terça-feira, 10 de março de 2009

Sobra-me tempo para ver
As escolhas que preferi não fazer
Do fundo desta miséria, sobra-me tempo….

segunda-feira, 9 de março de 2009

Se escrevo eu deprimo,
Dos dias cansados, iguais, esquecidos,
Como paisagens do vazio,
Sonhos tão reais como eles próprios…

Cresce esta vontade,
Este pesar incessante de nós.
Procuro recato para ser silêncio,
Quietude infinita, imo, morto, cínico…

terça-feira, 3 de março de 2009

Sinto a vertigem,
Acabo de acordar,
Sonho real, firme, lamentoso
Das asas que tive…

Sinto a vertigem,
Acabo de chegar,
Realidade, delicada, áspera
Da revolta de permanecer…

Sinto a vertigem,
Acabo de respirar,
Alma de papel, obscena
Porque corre solta…

Sinto a vertigem,
Acabo por perceber,
Aparência sem contar com ela,
Leviandade de ser divergente…

Sinto a vertigem,
Acabo de cessar,
Não me sujeito ao corpo,
Alma penada, dissipada, ausente…

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O perdão que não tive,
Quando mascarei a minha vida,
Foi do ar que não consigo respirar...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Como resisto à tentação,
Que em jeito de provocação,
Me atrai ao que nego,
Insensível, cego...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O silêncio que mantenho
Nos dias, soturnos, descontentes,
São imagens de outrora,
Da languidez forçosa…

A não transcendência
De dor, neblina sentimental
Onde te procuro nos reflexos,
Quando me tento ver a mim…

As horas da minha segregação
Em que escarneço do eu,
São todos os meus dias.
Sem sonhos, se os tive…

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Onde está a calma que não tenho
A roupa que dispo, e o coração
Que não sente…

Onde estou eu se não estou aqui.
Para onde fui sem avisar,
Não me sinto…

Quando voltarás a ser vida,
Cruel ou bem vivida,
De qualquer índole…

E se porventura eu desistir,
Se assistires ao meu ocaso,
Não digas nada, deixa-me estar….

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Remexer no baú
Onde encerrei o passado,
Arrepia-me o sentimento…

Se fugir nada traz,
Procuro espaço de pensamento
Ignorante, no presente conteúdo.

Volto a fechar o baú,
O arrepio já passou,
Mas tremo ao pensar nele…

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

É-me difícil explicar,
O que vai no fundo do olhar,
É um buraco na calçada,
Aquela que faço às cegas...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Crise de ansiedade
Mentira, fraqueza, verdade
Credo de boca...

Sofro tanto assim
Curvado, no fim
Dos dias apressados...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A culpa que sinto
Quando me falas ao ouvido
É de remorso fatigante…

Cores escuras, relento
Choro que soa a sentimento
Vontade do passado.

E agora que me encontro
Sempre aqui, neste ponto
Vou deixando a vida passar
Quieto, no sossego aparente…

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Acima das nuvens
Secreto, o mundo...
Silêncio de igreja.

Cantigas graves de voz,
Orgulho no futuro, de nós
Onde estamos, disfarçados...

Se aguento esta vida
Pesada, mente exaurida,
Complexo da simpatia que não vejo.

Percebo a ira
Que motiva a reacção
Esqueleto do corpo, canção.

Detesto o caminho
Onde estou, mais uma vez sozinho
Ao sabor da maré, dos outros...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Memórias físicas
Cicatrizes do momento
Feridas do tormento

Memórias presentes
Cruzamentos de ansiedade
Tumulto, inquietação

Memórias prometidas
Neste tempo que é vindouro
Saudade que já experimento

Memórias de futuro
Presságio de imobilidade
Interdito de fortuna…

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Estas viagens
De mente, são passagens
Dimensão ausente em mim
Começou agora, é o início do fim.

Este paraíso
Dos que falam, cegos de fé!
Inútil crença no invisível
Induzidos no falso, embuste.

Este inferno
Que ensinam ser mau caminho
É mais real que esta terra
Suja de ódios, ignorância.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

São tristes os dias quando me meço
De grandeza, e a não mereço
Se sou, por natureza
Orgulho ferido, fraqueza.

Começo a duvidar
Se é este o meu lugar
Deslocado, dimensão diferente
Escrita alada, não é frequente...

Acabo por desistir
Neste sono persistente
Sossego, desassossego, inércia,
Posse de mim, estranho...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Leva-me contigo
Sem avisar, sem saber
Arrebata-me, levanta-me no ar

Leva-me contigo
Parei de respirar
Não faço barulho, devagar…

Leva-me contigo
Já vejo a vida atrás
Esqueço, já sei perdoar…

Vou contigo
Descrente na sorte
Amiga do segredo, morte…

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Parto de repente
Olho-me ao espelho
Abro os olhos que vêm as palavras
Que sem gozo, me levam a extremo.

Sem margens temporais
Fantasmas vazios, marginais
Símbolos desta vida nenhuma
Escravos na sombra, penumbra...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ainda agora caiu a noite
Já me sinto perdido
Desviado, desiludido
Ainda não encontrei o motivo

Saber o que me pergunto
Pasmado, orgulhoso, vão

Saber onde me encontro
Onde eu não sou um…

Saber quando sou livre
Ou se sou…

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mãos quentes que me tocam, que me envolvem, chegando a prometer a liberdade pela qual dou a vida. São quentes do sangue que as preenche, são completas e eu não... Está fácil a resignação, está já aqui, como me seduz... Sinto a minha voz calada, não tenho pressa em dizer. Dói o acordar, sonho findo. Não partilho o fado, é só meu... Riu de mim próprio e pelo caminho guardo rancores que não tenho, só de mim...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Haja quem mude o mundo
Numa vida, num segundo.
Haja quem saiba ser, o não-eu,
Neste momento, não meu...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tardo em perceber
Porque espero o entardecer
Com este conforto, solidão
Sem atitude, hirto, mortal.

Olho-me, fugaz, dorido
Recordo-me, o teu vestido!
Arrepio, sobressalto, deslumbre.
O remorso, o destino cumpre.

Cubro o rosto com as mãos
Sujas de sangue, de ilusão
Respira o último ar, aflito,
Esvaiu-se, só, o último grito...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Restauro de identidade
A custo, sem boa vontade
Crise, oposto de mim
Olhar o futuro, penoso, atroz...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Proximidade do oculto
Rejeito a luz, vulto
A lucidez que já não trago
Do passado, sinto, amargo.

Não encontro razão aparente
Que me obrigue a ser gente
Porque já o sou,inevitavelmente,
Igual, não sou diferente...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Esqueço em momentos
O que esqueço são sentimentos
Cobarde, como só eu
Amigo do oculto, pecado de Prometeu...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Possuir a virtude
De sentir, na plenitude
Deixa-me ver, paraíso metafísico
Deserto de ideias, afectos.

Desejar a verdade
Perto de mim, és saudade
Do que foi e não mais será
Luz trémula, já a não há!

E num grito de infinito
Sou poeira de mim, extinto
Imagino o rubor, e a tua face
Que me persegue, porque te sinto...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Corpos invejosos
Mortos, de sonhos
Prostrados, sem alma
Neste leito, que me acalma.

Triste de pensar
Outra vida, outro lugar
Onde me mostro, sem pensar
À sombra, não sei dizer...

Por força de mim
Procuro, não alcanço, não...
É ardor que me consome
Cruel, seco, diferente de mim...

Amarrado, mudo, impotente
Fujo de mim, e da gente
São vultos, são frios, são o não ser
Igual a mim ou ao mundo, não sei dizer...

Agora sinto a presença
Desta dor, que me acende a inteligência
Escrevo porque deprimo
Não sei deprimir para escrever...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Relógios desiguais
Falam do tempo, nada mais
Não lhes encontro o lugar
Não procurei, devagar...

Ao encontro do que vem
Não sei se algo, se alguém
Deixo-me levar pelas mágoas
Lavam-me a alma, mágoas são como águas.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Desconcertante a facilidade
Que vai do sonho à realidade
Às vezes és minha. e depois
És do mundo, deixas saudade...

As perguntas que me faço
Quando existe dúvida no meu espaço
São se sou ou saberei ser
À tua altura, à de um abraço...