segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Onde param essas solidões de ontem?
Estas que sinto, têm renovada força,
Não lhes resisto como outrora...

De que me servem feridas que não saram?
Faço-me forte, não me curvo sem resistência...
Que peso este! Vem do passado? Pesará amanhã?

Onde escolheste outro caminho, diferente do meu?
Parei tantas vezes para olhar, para trás...
Relembra os meus passos, não me faças esperar...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O sonho dessas notas, melodia,
Vem de não as tocar, transmitir...
Olhas-me altiva, do alto de ti...

A noite em breve te acolheu,
Sem dar tempo para esquecer...
Olho a cigana que me dita a sorte...

Já nada me agrada naquelas notas,
Anoiteceram Nela, e com Ela a proibição...
Livre, solto, cedo à saudade...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tocar miragens de terras felizes,
Cristais, lustres, meretrizes...
Vácuo, permissão para não ser,
Que eu queres que vista hoje?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Permites-me a entrada e nem me olhas...
Esqueces os passos que deste, sozinha...
Segui cada um deles, e pisei cada lágrima,
Apagando o caminho de volta...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Não sei se fui feito para ser distante,
Nem a mim me encosto de triste que me ponho...
Aquieto-me, servo destas melancolias minhas,
Aceito-as, frequentes, descrevem-me bem...

Abraço-te de sossego, outro abraço não tens...
Abro-me sem esse medo, já não tremo...

Invento bailes sonhados, brilhas mais que luz...
Nesse passo de dança, tu e eu somos nus...

domingo, 31 de outubro de 2010

Pouso dor num lugar qualquer,
E tempo passado, volto a encontrar-lhe o sítio.
Espirais desgastantes, aguardadas, tristes o suficiente...

E se uma dor nova sinto,
Soa velha a história, mas é novo este doer...
Não encontro o hábito, acomodação para sofrer...

Se és segundo, e certo estás desse lugar,
Primeiro é sonho, e dormes para sonhar...

Viro as cartas novamente,
E a sorte é a mesma do antigamente...

sábado, 30 de outubro de 2010

Fui ver lá fora, tarde que era a hora...
Pés descalços, ecos tão altos, vida a perecer...
Baloiço-me ao ritmo desta falta de ti, e de mim...
O tempo já nada adianta, pára, esquece os sonhos...

Tão leves passos, deixei de os ouvir...
Ruas frias, olhos pesados, assomo de raiva...

Que é de mim?

sábado, 2 de outubro de 2010

As vozes, ecos de longe, perversos...
São noites ou dias, que a luz nada conta...
Sossego neste canto, os vícios ali me largaram...
Olhas-me de soslaio, e esqueces, caminhas, desvaneces...

De cabeça baixa, aceito teu toque,
E a realidade conhece tuas mãos em sonho...
Fecho os olhos de sono, e em breve o dia é outro,
Com o adeus sofrido ao sonho das tuas mãos...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sofrendo do acordar, o quarto escuro
Permanece vazio, e a falta que sinto é a mesma.
Nas alturas me reconheço, o seu ar gelado já não
É deste tempo, bafejou outros iguais...

As voltas que dou pelo parque, que fica no
Mesmo quarto de antes, são disfarce junto
Daqueles que me não odeiam. Receio esse parque...
Parece o Meu parque, e de repente é maior que eu...

sábado, 11 de setembro de 2010

Do outro lado do espelho,
Trancam-se as solidões, perpétuas...
Não são certos estes sorrisos,
Entre ontem e amanhã, os vejo encolher...

Que ermo caminho...
Onde foste perder a magia...
Do alto dessa certeza, calculo
Mal o salto, e pelo menos não tenho fundo...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Essas finas mãos, pálidas,
De calor ausente, trazem
A lembrança do reverso...

São desejados esses caminhos,
Passos firmes, olhos vibrantes,
Esses são teus, inebriantes...

Não perco esta loucura,
Carrego o prazer de ensandecer,
Nesses jardins de mais ninguém...

Distraio-me das cores,
Não são elas o jardim,
Ele não existe disso...

Esses jardins são almas,
Dançam como se fossem eternas...
Os corpos não as encerram...

Olho de fora de mim,
Não me é estranho esse jardim,
Faço dele segredo, só nosso...

sábado, 4 de setembro de 2010

Entendo-me nesta arte,
Onde me ponho de parte,
Para que irrompam novos eus,
Não melhores, talvez piores, meus...

Os calafrios são outros,
Não me incomoda a sua presença...
Sinto o calor que vem de longe,
E sonho que me queima, não resisto...

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Irrompem as mão sujas dessa água sem reflexo,
Não há sol por vir, arrastam-se os sentidos...
As horas perecem, assim como o corpo, e o chão não se deixa pisar...
Deixou-se de coragens e lembrou quem lhe olhou de volta...
Longe os tempos das margens que não o esforçam, o cansaço já é dele,
E ele, nem ousa olhar para cima, falta-lhe fé...

domingo, 22 de agosto de 2010

Assim é fácil largar o chão,
O passado, esse já não me pesa...
Não são lamentos que anunciam a mudança,
De eu em eu me acho sendo...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Guardo-me para o virar da página,
Largo as últimas forças na sorte...
Fatigado de recomeçar, renascer, ressuscitar,
Permaneço nas cinzas, e espero o sopro de Ti...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Meus dias são esse brilho, embriaguez...
Encolhido, onde só há pó, desconforto...
Não me canso de lá voltar, aos dias...

Está escuro e os olhos cerram de sua vontade,
Largando à sorte a memória ou falta dela.
Já não há mais, desses dias...

sábado, 17 de julho de 2010

Esses paraísos,
Estéreis dos que não sonham,
Anseio encontrar-lhes o sítio...
É escura a estrada do lado de cá,
Não me sinto a caminhá-la, não já!
Observo a bruma, perdura o tédio,
Quentes são meus olhos, de não ver...

São esquecidas as revoltas, insípidas...
Provo da condição de resignar, ceder,
Mas cedo na obrigação da mistura, corpo
Onde individual não existo, inócuo...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sonho, empresto-me ao irreal,
Desperto deste corpo, transtorno...
São certas as tormentas que me crescem,
É com mãos minhas que me levo a nascer...

São vagas, estas horas de desprendimento,
De luto pelo infeliz que sempre me quis...
São danças de conforto, miseráveis paisagens!
Não lhes toco, minhas, só assim o serão...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ficamos com o fim, com o tempo
Certo, devagar, destino aceite...
Sinto o vento do topo do mundo,
Nada de glorioso tem, igual...

Sobra o renascer, aflito, imaturo...
Escolhemos a luz para olhar, encolher...
Seguimos os passos de outrém, e sim,
Fico com o fim, não fico sozinho...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nos cantos escuros, do desabafo,
Do fumo, do medo, do pesar, já não sinto
O conforto de outrora e arrasto o sonho
Insensato, do que não me é, estéril, despido...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pouso o olhar nos tempos recentes,
E sonho os sonhos, realidade ausente...
Sigo a luz, e o seu calor conforta-me!
Não sou mais eu, só, mudo, inerte...

Encontrei a paz no azul, no teu...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sabes, aqueles jardins! Vazios...
Ainda lhes lembro as cores, as do antes do agora...
Quis saber como brincar, fingir o não sofrer...
Pereci num gracejo, no teu, não soube rir também...

Num assomo de mim, levantei a cabeça, a custo...
Sosseguei, está tudo bem, foi só um susto!
Fitei as minhas bruxas, larguei-me da vontade
De ser decadente, suspenso, ausente...

sábado, 17 de abril de 2010

Pisar o espaço, desenho,
Aguardar o futuro, se o tenho!
Alarme silencioso, interior...
Sereno, sinto-te o sabor...

Subo à torre de vigia,
E já não procuro a saída...
Deixo-me levar pelo que há-de ser,
Certo que estou da espera, desígnio...

Saberei descer deste descanso,
Enfim aliviado do retiro do presente.
Olharei tuas vestes brancas, e...
E jamais deixarei de te olhar!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sabor amargo de relembrar
A hora dos dissabores, sonhados...
Estilhaço de caminho, miragem, ânsia
De chegar, parar, perceber, aquietar...

Não sobra sentimento, ele é todo
Saído de mim, e dissipa-se, reles...
O ponto de desencontro, perto,
Traz acalmia. E a sorte? Já a não há...

sábado, 27 de março de 2010

A vida dói-me tanto,
E no espaço do entretanto,
Sossego e concluo sem espanto,
Que dói porque tem de doer...

Neste momento de pausa,
Recordo a sensação de posse,
Ter a sorte da proximidade,
Aparente que era, já o não é...

Descanso enfim desta dor,
Encontro-lhe até serventia.
Prometo-me não padecer dela,
E sorrio, porque sei que sim...

sábado, 6 de março de 2010

Morrer, antes de o mundo ceder...
São lágrimas limpas, sonho, prazer...
Cessar, secretas palavras, não lhes sei
A altura certa, soam vãs, embargadas...

Sorte necessária, obrigatória, ambicionada
Pela dor de coração, solto, inacabado!
Mantenho a clausura, antes da liberdade...
Não me extingo já, assisto, reparo o anoitecer...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

No meio desta agitação, tumulto,
Sei e ouço os teus passos, leves, frescos...
Reconheço até o respirar, a graça, subtil.
Falto-me porque me dei, olhos escuros...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A susceptibilidade que demonstro,
No ambíguo, no desacordo, no vão...
Telas de cores pálidas, promessas inválidas,
Arte do silêncio, aguardo, paciente...

Que será deste tempo? Deste julgamento...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Levo as mãos ao rosto, afago as rugas
Que são de agora, infância passada…
Assumo esta vontade de reviver, lembrar,
Mas não largo estas rugas, nem a criancice…

O riso desconfortável que sucede o elogio,
O olhar baixo, de amor, devoção, medo…
São minhas puerilidades adultas, remanescentes,
Desdenho de quem não as tem, vida mutilada…

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Profuso da inconstância, rodeio-me de quietação,
Sossego das horas apressadas, súbitas, impetuosas.
Guardo esse brilho, de olhos escuros, refulgente,
Ostenta tamanha vida, pleno, é quase gente…

É de mim que a vida cai, esvoaça sem licença.
Escorre sem complacência, condescendo à inevitabilidade.
Sinto o calafrio, dos olhos escuros, emoção indigente,
Da sombra, da nova vida. Padeço daquele brilho...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Nesta arte à qual me predispus,
Sou afectos e desamores, esquecido...
Encontro o sonho desaparecido, alto,
Largo-me nele, entre espaços de melancolia...

Pouso as mãos nestas páginas, escuras,
E crio louvores ao irreal,tinta preta...
Perco as páginas e saboreio os lábios vermelhos,
Perco o medo à corrente, deixo-me ao sabor...