terça-feira, 31 de março de 2009

Esquivo-me da responsabilidade
Que me acresce pela idade
Amo até ao fim do mundo...

Na falta do sossego,
Ou da minha rejeição dele,
Evito o final precoce.

Caminho a passos largos,
Sou como toda a gente,
Pretendo redenção de mim.

Amo até ao fim do mundo
E sinceramente, no fundo,
Sou o meu maior segredo...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Necessidade de escrever
Sem ter o que dizer
Sem vontade de lamento
Acerto as minhas contas com o tempo...

quarta-feira, 25 de março de 2009

As palavras que não finjo
São dos sentimentos que não controlo
E assim, de repente, apetece-me sonhar...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Os momentos que me trazem sossego
São escassos como eu...
Se duvido da minha apetência para resistir
Mais hesito na convicção do final afortunado...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sinto-me obscuro de alma
Ânimo nenhum de ter vida
Saturado do envolvente fado
Que sombrio, frívolo, me sugere a imperfeição.

Antes de mim comparece o vazio
Dos tempos que eu era eu
Já não sei desses tempos,
Não sei de mim...

quinta-feira, 19 de março de 2009

A satisfação que não ocorre
Vem da não reciprocidade das nossas vidas.
Num momento ou outro, encontrei-te e foste para mim
Como sou para ti, só para ti...

terça-feira, 17 de março de 2009

Quebra na ilusão
Que se alastra na vivência
Rotura que existe no julgar
Na forma como te manifestas...

Jaz o último brado
O de fúria desmedida
Exercício de controlar a comoção
Trespassa-me, pune-me, apraz-me, sim...

domingo, 15 de março de 2009

Criada a expectativa
De um sonho, de uma vida
Olho para ti e ambiciono-te

Aprecio-te em todos os estados
Até quando me rejeitas...

sexta-feira, 13 de março de 2009

A criação que me atrevo a fazer
Ou a tentativa da mesma
É escrever-me por fora
Como me vejo por dentro

Solto nas palavras
Perdido em pensamentos lúgubres
Neste assomo de coragem
Concepção de melancolia

E a bravura que necessito
Para acordar e cumprir-me vivo
Vai-se dispersando no tempo desagregado
Recluso que me encontro neste desânimo.

Fito-me espelhado no desengano
Sem vontade de desviar o olhar
Como se me expurgasse da indolência
Que me escolta até ao termo...

Assim me sustento vil
Sem qualquer tipo de propósito
Seguro do meu desconhecimento
Na arte da subsistência
E desta arte em que exponho...

quinta-feira, 12 de março de 2009

Contemplo deste modo
Que sobrevivo como posso
À pessoa que sou e não gosto.
Simplesmente não tenho que gostar...

Cerro os punhos, chego a magoar,
Não dor física, dor do olhar
Que já foi de prazer
Já não chega nem a parecer.

Convido-me para dançar
No crepúsculo, noite forçosa.
Lembro da lembrança de sofrimento,
Não quero dançar, deixo-me estar em mim mesmo...

quarta-feira, 11 de março de 2009

No cruzamento da alma com a razao,
Dou-me conta desta inaptidão.
Forjo sentimentos que já tive,
Antecipo-me a eles, defesa possível..

Não sendo por isto que me movo,
É esta a razão da minha fuga,
O adeus esganado, aflito,
Desilusão anterior aos factos...

terça-feira, 10 de março de 2009

Sobra-me tempo para ver
As escolhas que preferi não fazer
Do fundo desta miséria, sobra-me tempo….

segunda-feira, 9 de março de 2009

Se escrevo eu deprimo,
Dos dias cansados, iguais, esquecidos,
Como paisagens do vazio,
Sonhos tão reais como eles próprios…

Cresce esta vontade,
Este pesar incessante de nós.
Procuro recato para ser silêncio,
Quietude infinita, imo, morto, cínico…

terça-feira, 3 de março de 2009

Sinto a vertigem,
Acabo de acordar,
Sonho real, firme, lamentoso
Das asas que tive…

Sinto a vertigem,
Acabo de chegar,
Realidade, delicada, áspera
Da revolta de permanecer…

Sinto a vertigem,
Acabo de respirar,
Alma de papel, obscena
Porque corre solta…

Sinto a vertigem,
Acabo por perceber,
Aparência sem contar com ela,
Leviandade de ser divergente…

Sinto a vertigem,
Acabo de cessar,
Não me sujeito ao corpo,
Alma penada, dissipada, ausente…